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Pierre Poivre: Um sonhador teimoso

Pierre Poivre (1719-1786) foi talvez predestinado pelo seu apelido a seguir o caminho que percorreu, o da investigação e, depois, da introdução do cultivo das especiarias na Europa, algo raro e precioso, pouco conhecido na época. Ou talvez tenha simplesmente seguido a paixão incontrolável que tinha por estas plantas. Uma paixão que o levou a viajar pelo mundo, principalmente pela Ásia, e a descobrir maravilhas tão comuns nos dias de hoje e presentes em todas as gastronomias. Poivre trabalhou toda a vida e lutou por essa paixão.


O seu sucesso valeu-lhe uma sólida reputação, finalmente recompensada com o seu enobrecimento por Luís XV, que queria com este gesto, reconhecer os benefícios para a França das suas pesquisas, mas também silenciar alguns dos seus inimigos, invejosos do seu sucesso. Para citar apenas um exemplo, o seu colega Jean-Baptiste Christian Fusée-Aublet, diretor do jardim experimental da Ilha de França (Ile Maurice), a quem confiara árvores de noz-moscada e cravo-da-índia para que pudesse acompanhar o seu desenvolvimento nesta ilha remota com condições climatéricas ideais, durante a sua ausência. Este último regava religiosamente as plantas com água a ferver para que morressem, na esperança de destruir a reputação de Poivre. Uma investigação revelou finalmente os delitos de Fusée-Aublet.



Pierre Poivre, nascido em Lyon numa família de modestos comerciantes de seda, começou por se interessar pela religião e juntou-se aos irmãos missionários de São José. Rapidamente declarou que queria dedicar-se à evangelização do Extremo Oriente e embarcou em 1741 para a China. Ao passar por Cochinchina, descobriu a sua paixão pela agricultura, antes de ser enviado de volta para França pelos seus superiores. Mas o vírus das viagens já o tinha afetado e Poivre não hesitou em regressar à Ásia o mais rapidamente possível a bordo de um navio da Companhia Francesa das Índias Orientais. Durante a viagem, o navio foi atacado pelos britânicos e uma bala arrancou-lhe a mão direita, o que levou à amputação do antebraço direito e o obrigou a renunciar ao sacerdócio, pois já não conseguia fazer o sinal da cruz. Teve também de abandonar o desenho, uma arte na qual era muito talentoso.

Pierre Poivre foi o responsável pela introdução do limão Kaffir na Ilha Maurice, que era francesa na época, o que por sua vez levou os botânicos franceses a cultivá-lo em Montpellier. E assim chegaram as Combavas à Europa!


By Ephraim Conquy (1809-1843) - Scanné de Coureurs des mers Poivre d'Arvor, Public Domain, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=3506791

 
 
 

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